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“Vozes da Guerra”: confira entrevista com o diretor Luka Melero

Apresentar as mazelas do proibicionismo a partir do ponto de vista de quem vive o cotidiano da repressão, incluindo depoimentos de usuários de drogas, policiais, ex-traficantes e moradores das favelas cariocas. Esse é o objetivo do documentário Vozes da Guerra, lançado em março de 2013.

Dirigido pelo cineasta Luka Melero e o jornalista Vinícius Vieira, ambos moradores de Niterói (RJ), o curta-metragem foca num lado que nem sempre é priorizado em produções do gênero: a opinião de quem está dentro das comunidades. “Normalmente, em filmes sobre esse tema, são ouvidos especialistas (sociólogos, médicos, cientistas) e não os moradores e principais envolvidos com a questão”, aponta Melero.

A seguir, acompanhe o bate-papo com o diretor Luka Melero, que comenta os desafios e dificuldades na produção do documentário, além de apresentar suas ideias sobre legalização da drogas

MaryJuana: Como surgiu a ideia de fazer o documentário?

Luka Melero: A ideia surgiu de uma curiosidade própria mesmo, de ir atrás de uma informação que não chegava até a gente, principalmente a opinião dos moradores. Normalmente, em produções sobre esse tema, são ouvidos especialistas (sociólogos, médicos, cientistas) e não quem está dentro das comunidades.

MJ: Quando iniciaram a produção e quanto tempo levou até o lançamento?

Luka Melero: O projeto foi divido em duas etapas. Houve um primeiro micro-documentário, chamado “Povo Fala”, que foi premiado e gerou orçamento para fazer o “Vozes da Guerra”, ele foi filmado em novembro de 2011. Lembro que as filmagens da segunda etapa do projeto começaram logo no inicio de 2012 e só conseguimos finalizar e lançar em março de 2013

MJ: Quais foram os maiores desafios na execução do projeto?

Luka Melero: Encontrar pessoas dispostas a dar entrevista, sem dúvida. Mesmo com as UPPs, os moradores ainda encontram dificuldade em mostrar opiniões que possam ser contrárias tanto aos traficantes quanto aos próprios policiais.

MJ: A maioria das opiniões retratadas no filme são contrárias ou não diretamente favoráveis à legalização da maconha. Qual sua opinião a respeito? E você, é a favor da legalização das drogas no Brasil?

Luka Melero: Eu sou totalmente a favor. Considero a legalização da maconha um passo importante para uma sociedade livre e justa. As leis devem proteger a liberdade individual e a integridade das pessoas. Não tender para um lado moralista ou paternalista ditando o que é bom e o que é ruim, o que é seguro e o que não é.

MJ: Um dos entrevistados, ex-traficante, afirma que a legalização não interessa na favela, até porque lá as drogas já são todas legalizadas. Isso confirma a máxima de que “só é contra a legalização quem é a favor do tráfico”. Você concorda com isso?

Luka Melero: Não concordo e acho até uma frase perigosa que não deveria nunca sair do boca de um militante da legalização da maconha. Me soa muito com a afirmação de que só maconheiro participa de marcha da maconha e sabemos que não é bem assim. Conheço quem seja contra e acredite em outras formas para acabar com o tráfico. O próprio Chinaider (ex-traficante) tem essa opinião e embora ela seja muito diferente da minha, todos queremos o fim da violência.

MJ: Quais seus projetos futuros? Pretende dar sequência ao documentário?

Luka Melero: O documentário de certa forma deu sequência a um novo projeto, um telejornal canábico feito para o youtube. Ele foi lançado em abril de 2013 e traz informações sobre a cultura canábica de uma forma geral, não apenas sobre a luta pela legalização.

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