Nem só de vidas e cifras é feito o imensurável prejuízo causado pela guerra às drogas ao redor do mundo. Quem também paga o preço dessa batalha inútil é o meio ambiente, como destaca um recente relatório publicado na edição de janeiro da revista Science. Intitulado “Política de Drogas como Política de Conservação: o Narco-Desmatamento”, o estudo descobriu que o combate aos entorpecentes tem aumentado drasticamente a taxa de desmatamento em diversas regiões da América Central.
Um dos pontos levantados pelo relatório diz que, conforme aumenta a repressão em grandes cidades do México, por exemplo, cada vez mais os traficantes estão se deslocando para áreas mais remotas e menos policiadas. “A partir do momento em que se combatem os traficantes, eles também são espalhados para outros lugares e áreas ainda maiores são impactadas”, afirma Dr. Kendra McSweeney, autor principal do estudo.
Não por acaso, países onde a guerra às drogas têm se acirrado nos últimos anos – como Honduras, Guatemala e Nicarágua – registraram um aumento significativo nas taxas de desmatamento.
Em Honduras , por exemplo, a taxa de desmatamento em grande escala mais do que quadruplicou entre 2007 e 2011, mesmo período em que houve aumento das atividades ligadas ao tráfico de cocaína.
“A taxa de desmatamento na região era de 20 quilômetros quadrados por ano “, diz McSweeney , falando sobre o impacto que o aumento do tráfico tem causado em Honduras. “Sob o narco-efeito, vemos mais de 60 quilômetros quadrados por ano. Em algumas partes da Guatemala , as taxas são ainda maiores. Estamos falando de taxas de desmatamento de 10 %, o que é impressionante”, completa.
Os efeitos devastadores da guerra às drogas ao meio ambiente devem-se, em parte, aos estragos causados por traficantes ao criar novas estradas e pistas de pouso no meio da floresta, além da compra e nivelamento de áreas de floresta por empresas agrícolas utilizadas para lavar o dinheiro da droga.
O fluxo constante de dinheiro e armas para essas áreas rurais até então remotas também encoraja fazendeiros e madeireiros locais na expansão de suas atividades ilegais, contribuindo para a degradação ambiental.
Para completar o cenário da tragédia, as organizações criminosas garantem a estabilidade de suas operações através da violência e corrupção, o que inclui suborno a políticos e promotores locais. “Os líderes indígenas e conservacionistas não costumam se pronunciar a respeito, por medo. Honduras tem uma das maiores taxas de homicídio do mundo. Todos eles foram silenciados “, denuncia McSweeney.
A conclusão do estudo sugere que se incentive a busca por alternativas a “esta abordagem militarizada terrivelmente inadequada para o problema das drogas” – e que está causando ainda mais transtornos ao meio ambiente.
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