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Qual a relação entre as ocupações estudantis e o ativismo canábico?

Ao longo da historia já ocupamos galerias, praças, ruas, avenidas, reitorias, câmaras, a Esplanada dos Ministérios, para defender o uso medicinal e recreativo de uma planta.

Nós, usuários de cannabis, sabemos o valor de um ato de protesto que demonstra a nossa cultura e cidadania. Consideramos a ocupação dos espaços públicos fundamental para garantir nossos direitos.

Os que não aceitam as mudanças positivas não hesitam em colocar os seus braços armados como tentativa de dispersar manifestações pacíficas e coerentes. O coronelismo tem se repetido ano após ano. Como já falamos aqui em janeiro em maio de 2015, a Polícia Militar de Alagoas reprimiu com violência a Marcha da Maconha de Maceió.

Toda forma de manifestação que faz as pessoas pensarem tende a ser atacada pelos governantes, que utilizam a manipulação midiática para denegrir a imagem dos atos.

Um exemplo do absurdo desrespeito foi a fala do senador mato-grossense José de Medeiros na segunda-feira, 31/10/2016, o qual disse que “boa parte” dos alunos que estão ocupando escolas pelo país para protestar contra a reforma do ensino médio aderiu ao movimento “para fumar maconha”.

“Eu vou te falar uma coisa: desses meninos que estão na escola, boa parte, tem uns lá que é para fumar maconha. Estão indo lá para fumar maconha e matar os outros.” Sabemos que os alunos a quem o senador se dirige estão descontentes com a reforma no ensino médio e a PEC que congela os gastos com educação.

Além de propagar o mito de que a maconha deixa as pessoas violentas, o senador ofende um movimento digno e legítimo que parte dos jovens. Em atitude covarde agrediu verbalmente e insultou os estudantes que buscam seus direitos.

Conservadorismo

A bancada conservadora vem tentando impedir as melhorias para nosso povo em todas as oportunidades que encontra.

Aprisionam as famílias pela constante repetição de seus dogmas; conseguiram eleger muitos representantes políticos em 2016 através de mentiras em redes sociais compartilhadas pelos seus adeptos; travam de todas as maneiras as tentativas de legalização, renunciando à receita que o estado teria com a legalização da cannabis, arrecadando bilhões de reais em impostos que poderiam ser destinados para áreas como a própria educação.

Maconheiro (a), sim – e com muito orgulho!

Fumar maconha não representa problema nenhum. Representa uma solução. Mas acusar os estudantes de estarem fazendo uso de maconha na tentativa de denegri-los é uma das piores maneiras de caluniar o movimento.

Sabemos que o consumo de cannabis não é indicado para menores de 21 anos, exceto quando prescrito por um médico. E com a legalização e a descriminalização teremos uma excelente oportunidade de aplicar estratégias de redução de danos e fazer campanhas de conscientização para deixar essa questão bem clara.

Esse senador foi irracional. “Maconheiro” não é um termo para xingar ninguém. Serve apenas para elogiar. Existem maconheiros apolíticos, de esquerda, de direita, e todos eles reconhecem a importância das pessoas lutarem por seus direitos.

Partidários da tortura

Outros partidários da “desocupação” através da força sugeriram durante a semana que os estudantes fossem privados de acesso a água e comida.

Esta prática é bastante utilizada em ditaduras. Deixar adolescente sem água, sem luz e sem alimento é um delito enquadrável no Estatuto da Criança e do Adolescente.

Utilizaram essas e outras práticas de guerra na tentativa de dispersar. Ameaçaram até mesmo privar alunos de fazerem o ENEM.

O governo conseguiu mudar os locais de votação que estavam ocupados para que as eleições acontecessem normalmente, por que não poderiam mudar os locais de prova do ENEM? E os que se preocupam com o ENEM, não se preocupam com o atraso da educação em 20 anos?

Ativistas unidos

Qual é o nosso papel como ativistas? Não podemos ficar parados. Vamos ajudar nossos irmãos e exercer a fraternidade apoiando seus atos. Educação não é gasto, é investimento. Levantaremos nossas bandeiras hoje e sempre em todos os lugares.

Queremos que a maconha salte da contracultura que sempre representou para a cultura canábica amplamente reconhecida pela sociedade, para melhorar a vida de cada vez mais pessoas.

Sempre buscamos a liberdade e não é agora que viraremos as costas para nossa educação.

Não vamos deixar barato para os conservadores. Se pensaram que seria fácil impor sua agenda de maldades , enganaram-se!

Toda proposta que não estiver em conformidade com a vontade do povo não será aceita, e outros lugares serão ocupados. Essa PEC 241 na câmara ou 55 no senado é uma espécie de Robin Hood ao contrário, que tira dos pobres para dar aos ricos.

Estamos vivendo uma ditadura de julgadores. Cabe a nós arrebentarmos as correntes que nos aprisionam. As armas conseguem parar as pessoas, mas jamais as ideias. Todas as nossas atitudes moldam a realidade.

Se eles utilizam manipulação midiática, nós somos mais espertos e nos informamos à nossa maneira. O maior problema que um estudante pode encontrar em sua vida escolar não é o contato com a maconha, mas sim um governo que prejudique seu potencial.

*Por Rodrigo Filho∴, escritor e ativista

**Foto: Folhapress

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