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Conheça os principais defensivos utilizados para o controle de pragas no cultivo de maconha

Muito além do famoso “dedo-verde”, o cultivo de cannabis – assim como o da maioria das outras plantas – exige tempo, paciência e conhecimentos específicos.

Mas, certas vezes, até mesmo o mais habilidoso dos jardineiros é surpreendido com pragas que, se não forem controladas a tempo, podem prejudicar o pleno desenvolvimento das flores – e até mesmo arruinar completamente o jardim.

Spider mites, pulgões, formigas, colchonilhas, thrips e fungos de diversos tipos e origens. Estas são apenas algumas das ameaças naturais mais comuns à maconha. Para combatê-las e preveni-las, há uma série produtos disponíveis no mercado, além de outras tantas soluções caseiras e 100% naturais.

Legado do agronegócio

Propagados e acessíveis graças à (má) influência da agroindústria, pesticidas químicos altamente tóxicos são cada vez mais utilizados em cultivos de cannabis de maior escala – ou até mesmo entre auto-cultivadores. Embora a potencial eficácia de tais produtos seja sedutora à primeira vista, será que os riscos à saúde compensam?

De acordo com um estudo publicado em 2013 na revista científica Journal of Toxicology, 70% dos pesticidas borrifados nas flores de cannabis podem ser inalados pelos consumidores finais da erva.

O problema é tão sério que, nos Estados Unidos, já há até casos de “recall” de produtos – entre ervas, concentrados e comestíveis – por excesso de pesticidas.

No Oregon – onde o uso recreativo de cannabis foi legalizado no fim de 2015 – os legisladores decidiram colocar o assunto em pauta após testes do Departamento de Agricultura revelarem cerca de 250 defensivos diferentes utilizados pelos growers do estado.

A seguir, saiba mais sobre algumas destas substâncias e seus riscos à saúde humana:

Imidacloprida

Recentemente, a CNN alertou sobre a presença de um perigoso pesticida na maconha à venda no Colorado, estado norte-americano que também permite o uso recreativo desde 2014. Segundo a reportagem, das seis amostras analisadas, uma apresentou altos índices de imidacloprida, substância neurotóxica fabricada desde a década de 1990 pela gigante multinacional Bayer.

Pertencente à família química dos neonicotinóides, a imidacloprida é classificada como um “inseticida moderadamente perigoso” pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Se ingerido ou inalado, pode causar sintomas semelhantes ao envenenamento por nicotina, incluindo fadiga, fraqueza muscular, cãimbras e espasmos.

Avermectina

Acaricida sintético de longa duração, a avermectina é o produto da fermentação da bactéria Streptomyces avermitilis. Atua por contato e ingestão, sendo muito utilizado no combate a spider mites e pulgões. Indicado para plantas ornamentais, não deveria ser aplicado sobre a cannabis, sobretudo nas plantas em fase de floração.

Entre as recomendações de uso, o fabricante alerta para a necessidade de utilizar equipamento de proteção pessoal completo ao aplicar o produto, incluindo óculos, máscara e roupa que cubra dos pés à cabeça. Também não se recomenda entrar no grow menos de doze horas depois da aplicação.

Miclobutanil

Um dos fungicidas mais utilizados pela agroindústria em todo o mundo, o miclobutanil também é erroneamente empregado no cultivo de maconha, colocando em risco a saúde tanto de de usuários como  de jardineiros.

Embora a Organização Mundial da Saúde considere a substância “levemente perigosa”, os produtos à base de miclobutanil podem ocasionar diversos sintomas de intoxicação, como vômitos, dermatite alérgica, hemorragia nasal, irritação ocular, dores de cabeça, náuseas, erupção cutânea e comichão pelo corpo.

Bifenazato

Princípio ativo da conhecida marca de inseticida Floramite, o bifenazato consiste num acaricida potente capaz de controlar diversas praga em plantas ornamentais. Embora ainda não existam testes em seres humanos, os estudos realizados em ratos não são nada promissores, indicando diminuição do peso corporal, disfunções renais e problemas no baço.  

Etoxazole

Acaricida de amplo espectro, o etoxazole está associado a sérios problemas de saúde em roedores expostos à substância durante testes em laboratório, como aumento do fígado. Altamente tóxico, o produto exige cuidado no manuseio e descarte de embalagens.

Diclorvós (ou DDVP)

Facilmente encontrado no mercado, os pesticidas a base de diclorvós (ou DDVP) pertencem à classe dos organofosforados, cuja origem remonta à 2º Guerra Mundial como armas químicas capazes de atacar o sistema nervoso central. Possuem efeito quase instantâneo, que provoca paralisação e morte das pragas – e também dos humanos e animais, que sob sua exposição correm o risco de sofrer paralisia, sfixia e convulsões.

Acetamiprida

Inseticida sistêmico da classe dos neonicotinoides, muito utilizado no combate a moscas brancas e pulgões. Atua por contato e ingestão e é extremamente tóxico, podendo causar efeitos nefastos à saúde e meio ambiente, sobretudo se aplicado próximo a rios, lagos e nascentes.

Clorpirifós

Pertencente a classe dos organofosforados, o clorpirifós é utilizado no combate das mais diversas pragas, ainda que já existam diversos indícios de contaminação de humanos. O surgimento de problemas neurológicos e doenças autoimunes pode estar relacionado à exposição crônica à substância, que infelizmente também é utilizada indiscriminadamente por alguns growers.

Deltametrina

Inseticida e acaricida da classe dos piretroides, a deltametrina é comercializada desde o fim da década de 1970, sendo hoje um dos defensivos mais utilizados em lavouras de todo o mundo. É capaz de eliminar de thrips a formigas – e contaminar de forma irreversível o solo e lençóis freáticos. Consiste numa neurotoxina capaz de afetar o sistema nervoso central e causar efeitos devastadores à saúde humana e animal.

Alternativas orgânicas e naturais

Quem não deseja manipular nem correr o risco de ingerir e inalar pesticidas químicos tão perigosos pode optar por soluções orgânicas igualmente eficazes – porém seguras – a começar pelo óleo de neem.

Nativo da Índia, o neem (Azadirachta indica) é uma árvore de grande porte cujas sementes produzem um óleo repleto de compostos bioativos de comprovada ação inseticida.

Azadiractina

Um de seus princípios ativos é a azadiractina, um tipo de tetranortripenoide ou limonoide que possui diferentes formas de ação sobre as pragas, impedindo que as mesmas se alimentem e se reproduzam. Seu forte odor característico também se encarrega de manter os insetos afastados do jardim.

De baixo custo e fácil manuseio, o óleo de neem é biodegradável e não oferece riscos ao meio ambiente e a animais de sangue quente – incluido você. Suas propriedades e segurança fazem com que o produto figure entre as recomendações da International Foundation for Organic Agriculture (IFOAM) para uso na agricultura e pecuária orgânica.

Óleos essenciais

O óleo de neem muitas vezes é comercializado em associação com outros óleos essenciais – de alecrim, canela, eucalipto ou cravo, por exemplo – devido a ação sistêmica entre os componentes.

Para intensificar o controle às pragas, também é possível utilizar estes óleos essenciais separadamente.

Sabão

Item encontrado em qualquer cozinha ou área de serviço, o sabão é outra boa opção para repelir pragas – não tão orgânica assim, diga-se de passagem, mas certamente com efeitos tóxicos ínfimos se comparados às alternativas sintéticas vistas anteriormente.

Diluídos em água, os diferentes tipos de detergente são recomendados para prevenir e tratar infestações leves por pulgões, spider mites e thrips.

Tabaco

Soluções concentradas feitas à base de tabaco também são muito utilizadas na agricultura orgânica em geral para repelir pragas de todos os tipos.

Para fazer em casa, basta deixar uma certa quantidade de fumo imersa em água por pelo menos um dia. Depois, basta coar e borrifar sobre as plantas, sempre na fase vegetativa – o que vale para todos os defensivos, aliás, pois não é indicado aplicar nenhum tipo de produto – orgânico ou não – sobre as flores já formadas..

Controle biológico

Ideal para cultivo em exterior, o controle biológico combate pragas através da inserção de predadores naturais. As joaninhas, por exemplo, são muito eficazes para combater ácaros e pulgões. Na internet, inclusive, é muito fácil encontrar uma série de sites especializados no comércio de larvas de joaninhas e de outros insetos predadores.

Vale lembrar que uma das mazelas trazidas pelo uso de pesticidas tóxicos é justamente a morte desses outros insetos benéficos à agricultura.

*Versão em português de matéria veiculada originalmente na Soft Secrets Latam.

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2 Responses

  1. Laio

    Óleo de neem é toxico quando fumado! Tem potencial neurotóxico inclusive. Não recomendado para cannabis sob hipotese alguma

    1. Deve ser por isso que se recomenda o uso SOMENTE em período vegetativo.

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