Um livro visceral e necessário. Assim promete ser o “Diário de uma Mãeconheira”, com lançamento marcado para o próximo Dia das Mães. Confira entrevista com a autora Maíra Castanheiro.
Escritora, professora, tradutora, historiadora e mestranda no curso de História da Universidade Estadual de Santa Catarina, Maíra Castanheiro também é mãe. E maconheira.
Distante de qualquer estereótipo, ela ostenta aquele brilho no olhar que só quem tem a coragem de se despir das hipocrisias é capaz de ostentar.
Atualmente dedicando-se ao livro “Diário de uma Mãeconheira” – que está na reta final do financiamento coletivo e tem lançamento previsto para maio pela editora Moluscomix – Maíra vai além de levantar a bandeira das mães maconheiras, mas fala a todas as mulheres que ousam gozar da liberdade – de expressão, de escolhas, de vivências.
Em especial, sua escrita fala sobre a mulher que, além de suas responsabilidades, também vive intensamente e da forma mais honesta possível as suas paixões, desafios, desafetos, sonhos, loucuras e sua sexualidade.
Para o livro, foram selecionados os melhores textos dos últimos 5 anos. “Eles contam a história de uma mulher, de uma mãe, que decide viver só e precisa enfrentar todo o sistema capitalista e, claro, o machismo. O diário é um espaço de desabafo, uma ferramenta para nossa emancipação, para nossa autonomia e autoconhecimento”, explica Maíra.
Confira a seguir entrevista que a escritora concedeu ao MARYJUANA e clique aqui para apoiar o “Diário de uma Mãeconheira” e garantir o seu exemplar.
– Como surgiu a ideia de criar o “Diário de uma Mãeconheira”?
Eu o escrevo desde 2015, mas sem pretensão de que fosse virar livro. Mas, com o tempo fui vendo a importância dele ser livro/livre. Em 2019 eu comecei de fato a pensar sobre isso mas ainda não me sentia segura.
Em 2020, durante a pandemia, foi quando decidi que ele deveria virar livro, pois eu queria/quero dar um sentido maior a ele por tudo q pago por escrever, pois me custa como professora, como mãe, custa tanto assinar o diário como mãeconheira com o meu nome e sobrenome, que sinto a necessidade política deste livro!
– Na sua opinião, quais os maiores estigmas e preconceitos associados às mães que são usuárias de cannabis?
Quando uma mãe assume que fuma maconha, consequentemente vão questioná-la se ela é uma boa mãe, se ela é saudável, se é equilibrada, se tem condições de criar os filhos, etc.
Como se o fato de uma mãe fumar maconha fosse implicar na sua maternidade, no seu exercício como mãe.
– Já sofreu preconceito por assumir abertamente o uso de cannabis?
Sim. Já fui demitida de escola quando descobriam que eu escrevia o “Diário de uma Mãeconheira”. E também já não fui admitida por descobrirem meus textos.
Me custa muito como professora. Em 2019 eu cancelei a página “Diário de uma Mãeconheira” no Facebook pra conseguir trabalho, pois a escola que quis me contratar me colocou esta condição.
– Qual a importância das mães falarem e assumirem abertamente o uso e apoio à cannabis?
Usuário, saia do armário! Acho que precisamos mostrar que é possível ter uma relação saudável com as drogas.
E, no caso da cannabis, os benefícios são tantos que quanto mais a gente falar, das mais diversas perspectivas, mais a gente soma e amplia o debate.
As mãeconheiras existem e somos muitas. E só o fato de muitas não poderem expor que fumam maconha, pois muitas temem perder a guarda de seus filhos, perder emprego, etc, é que se faz mais ainda necessário e urgente ainda este debate!
– Por fim, deixe um recado às mãeconheiras do Brasil que estão lendo esta entrevista.
Mãeconheiras de todo o mundo: uni-vas!
Este livro é um ato político, é um livro que todas nós queremos e precisamos ler: porque são histórias que muitas de nós passamos!
Sempre somos contadas e narradas pelos homens, eles nos constroem: seja como puta ou santa, louca ou má, puritana ou histérica, enfim, precisamos construir nossas narrativas sob nossas perspectivas!
Este livro é o primeiro da história do Brasil escrito por uma mulher mãe falando de si mesma, de sexo e drogas, porque nós, mães, também usamos drogas e trepamos! Este livro é um ato político pra todas nós!
Clique aqui para conferir entrevista ao vivo que rolou com a Maíra Castanheiro em nosso Instagram.
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