Eleito prefeito de São Paulo com 53,9% dos votos, João Dória (PSDB) é sinônimo de retrocesso na política de drogas da maior cidade do Brasil.
Assim que saiu o resultado das eleições, Dória declarou que pretende extinguir alguns dos programas mais emblemáticos – e bem-sucedidos – da gestão de Fernando Haddad (PT), como a redução de velocidade nas marginais e o programa “De Braços Abertos”, voltado aos usuários de crack.
Com foco na redução de danos e humanização dos usuários em situação de risco, o chamado DBA foi lançado em 2014 e registra excelentes resultados.
Já na visão de Dória (ou “Dólar”, como alguns preferem chamar), os usuários devem ser tratados com internação compulsória e muita repressão.
Preocupados com o futuro obscuro que se acerca, ativistas e ONGs ligados à política de drogas saíram em defesa do “De Braços Abertos”.
Reunidas na Plataforma Brasileira de Política de Drogas, cerca de quarenta entidades – incluindo o Instituto Sou da Paz e o IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais) – assinaram uma nota favorável ao programa.
Leia a seguir:
“A Plataforma Brasileira de Política de Drogas, rede composta por 44 organizações não governamentais, núcleos de pesquisa, coletivos e associações de diversos campos de atuação, vem manifestar extrema preocupação quanto às declarações do prefeito eleito na cidade de São Paulo, João Doria Jr., acerca das estratégias de cuidado com a população que se encontra em acentuada vulnerabilidade social e que faz uso problemático de drogas, especialmente aquelas que frequentam e residem na região do bairro da Luz conhecida como “Cracolândia”.
Em diversas ocasiões, o então candidato expressou de forma inequívoca sua intenção em acabar com o programa “De Braços Abertos”, criado em 2014 pela prefeitura do município de São Paulo. A fala reproduzida a seguir é clara quanto aos seus planos:
“Primeiro, nós não vamos continuar com o programa Braços Abertos, não é um bom programa para a cidade. Nós vamos adotar o programa Recomeço, que o governo do Estado realiza nesta área, com a participação de duas secretarias: a de Promoção Social e da Saúde. Este programa propõe a internação daqueles que são vítimas do crack, que são psicodependentes, para que eles nesta internação, com tratamento clínico, eles podem ficar afastados das drogas”.