Quem é usuário de maconha já sabe: a erva facilita a interação entre as pessoas. E existe até comprovação científica disso!
Todos os dias vemos diversas pessoas que não conhecemos, andando nas ruas, em fotos na internet, falando na televisão. Mesmo não as conhecendo, podemos “sentir” a emoção que elas estão vivenciando apenas pela observação da expressão facial.
Esse fenômeno, mais conhecido por empatia, ocorre não só quando vemos pessoas “reais”, mas também quando observamos pinturas, ilustrações e outras representações humanas.

As três faces acima foram feitas pelo famoso pintor Michelangelo Merisi da Caravaggio. Mesmo não sendo pessoas reais, conseguimos captar as emoções de dor, felicidade e estranhamento
THC X empatia
Agora imagine poder alterar nosso reconhecimento de emoções. Em 2013, neurocientistas europeus descobriram que isso nem é tão difícil, basta consumir pequenas doses de Δ9-Tetraidrocannabinol (Δ9-THC).
Publicado na revista científica European Neuropsychopharmacology, este estudo tinha o objetivo de verificar se o sistema endocanabinoide participa do reconhecimento emocional em humanos.
Para quem ainda não sabe, o sistema endocanabinoide é basicamente um sistema de neurotransmissão que existe em nosso organismo, formado por um conjunto de moléculas e receptores aos quais elas se ligam.
Participaram do estudo onze homens, que receberam 9 mg de Δ9-THC administrados com o auxílio de um vaporizador. A seguir, todos participaram de uma tarefa de reconhecimento de emoções.

Exemplo de como foi realizada a tarefa de reconhecimento de emoções. O participante tinha que distinguir, entre as faces de baixo, qual representava a mesma emoção que a face de cima
Nesta tarefa, os pesquisadores mostraram aos participantes três faces de pessoas desconhecidas projetadas em uma tela, uma na parte de cima e duas em baixo. O participante tinha que escolher, entre as faces de baixo, qual representava a mesma emoção que a face de cima, que podia ser de medo ou felicidade.
Os pesquisadores observaram que o Δ9-THC alterava o reconhecimento emocional dos participantes. De forma geral, a emoção de felicidade era melhor percebida, enquanto que a percepção de medo foi prejudicada.
*Por Lia Esumi, bióloga e Ms/PhD em Psicobiologia