A síndrome de Tourette é um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por múltiplos tiques motores e pelo menos um tique vocal.
Na maioria dos casos os pacientes não precisam de medicação, mas quando ela é necessária há o sério problema dos efeitos colaterais.
Recentemente, pesquisadores observaram que muitas pessoas, durante a busca por algo que alivie os sintomas da síndrome de Tourette, acabam encontrando alívio com o consumo de maconha.
A síndrome de Tourette tem este nome por causa do médico e neurologista Georges Albert Édouard Brutus Gilles de la Tourette (1857-1904), que publicou um relato de nove pacientes com o distúrbio em 1885. A síndrome geralmente começa a se manifestar na infância, e é caracterizada por tiques motores e vocais.
Georges Albert Édouard Brutus Gilles de la Tourette (1857-1904).
Os tiques motores são movimentos, que podem ser um simples piscar de olhos a até movimentos complexos, como pular, girar e saltar. Já os tiques vocais são aqueles que produzem um som, tais como cheirar, limpar a garganta, grunhir e gritar. Existem ainda os tiques vocais mais complexos, nos quais a pessoa emite palavras ou frases que podem ou não ser reconhecíveis, mas que ocorrem quase sempre fora do contexto.
Em 2017 pesquisadores canadenses publicaram um estudo no qual verificaram os sintomas da síndrome de Tourette em dezenove pacientes que já faziam uso regular de maconha nos últimos dois anos. Todos os participantes relataram que, depois de começarem a usar maconha, houve um alívio significativo dos sintomas, incluindo a melhora da atenção, do sono, e redução da impulsividade, ansiedade, e irritabilidade.
Outro resultado muito interessante foi sobre o uso da maconha na forma natural. Nove pacientes já haviam participado previamente de estudos com canabinoides farmacêuticos. Eles relataram que, embora os medicamentos tenham sido úteis para os tiques, não eram tão eficazes quanto a erva in natura.
Uma possível explicação para este efeito é a presença de diversas substâncias com propriedades medicinais e que atuam em conjunto na melhora dos sintomas de pacientes com a síndrome de Tourette.
*Por LIA ESUMI: Bióloga, MS/PhD em Psicobiologia e colaboradora no Maryjuana.
