Uma das principais autoridades em cânhamo do mundo, a norte-americana Anndrea Hermann acumula mais de 15 anos de estudos e pesquisas sobre o tema.
Formada em Economia do Cânhamo pela Missouri Southern State University, ela também possui Mestrado em Ciência na área de Agronomia voltada à fibra do cânhamo pela University of Manitoba.
Com mais de 15 anos de experiência no mercado canábico, Anndrea – que atualmente mora no Canadá – é presidente da Hemp Technologies Global e também faz parte da Associação Internacional de Construções de Cânhamo.
Mais do que isso: Anndrea honra sua missão como ativista e faz questão de levar a maconha para os mais diversos aspectos da sua vida: ela veste, come e constrói com cannabis.
Portanto, ninguém melhor do que ela para responder algumas das principais dúvidas sobre o cultivo e usos da fibra de maconha. Na entrevista a seguir, concedida exclusivamente para a Maryjuana, Anndrea explica como funciona a dinâmica dos cultivos de maconha para fins industriais e apresenta as principais funcionalidades de produtos como o hempcrete (espécie de concreto de cânhamo).
– Afinal de contas: qual a diferença entre cânhamo e maconha?
Ambos são cannabis. Mas cânhamo é o nome utilizado para tipos de cannabis que possuem menos de 1% de THC (tetrahidrocanabinol). Enquanto maconha refere-se às flores propriamente ditas, ricas em canabinoides. A quantidade de THC permitida em espécimes de cânhamo varia entre 1% e 0,2%. Do cânhamo se aproveitam as sementes e fibras, que possuem diversas qualidades nutricionais, terapêuticas e econômicas.
– As sementes de cânhamo provém de qual tipo de cannabis: sativa, indica, ruderalis ou híbrido?
O cânhamo é classificado como Cannabis sativa L. e cresce a partir do plantio de sementes selecionadas.
– Em culturas de cânhamo para uso industrial: as plantas chegam a florescer? Ou a colheita é feita antes?
As plantas de cânhamo destinadas à produção de sementes ou grãos devem florescer para que sejam polinizadas pelas plantas masculinas. Já nos cultivos direcionados somente para a produção da fibra, geralmente a colheita é feita assim que as fêmeas iniciam a formação das flores e os machos ainda estão vivos. Neste momento, o caule e as inflorescências podem ser colhidos.
– Quais são as condições básicas de clima e solo para o plantio de cânhamo com fins industriais?
O cânhamo é indicado como cultura de rotação em áreas que já produzem cultura de grãos, como trigo ou aveia e soja.
– Após ter viajado recentemente para o Uruguai, qual a sua opinião sobre o futuro do cultivo de cânhamo no país?
Essa é uma questão de economia de escala. O Uruguai vai encontrar o seu lugar na cadeia de abastecimento. Por enquanto, o foco deve estar voltado para a abertura aduaneira, permitindo que os produtos de cânhamo entrem no país, bem como sejam realizados ensaios agronômicos para prestar apoio aos agricultores, garantindo a qualidade e a consistência dos produtos colhidos para o mercado final.
– Como são feitos os tijolos de maconha? E qual o custo aproximado?
O chamado Hempcrete é produzido a partir de uma mistura de água, “hemp hurd” (também chamado de “shiv”, trata-se do interior do caule e hastes) e um “ligante” a base de cal. Já o custo do produto é comparável ao dos tradicionais materiais utilizados na construção civil, com a diferença que o Hempcrete propicia paz de espírito ao proprietário do imóvel, pois é sustentável e ecologicamente correto.
– Combustíveis, comida, fibra, energia: é praticamente consenso o fato de que a cannabis é útil para muitas coisas. Então, em sua opinião, por que a maioria dos países não investem em plantações de cânhamo? Falta de informação? Ou puro preconceito?
Aos poucos, mais e mais países e pessoas estão percebendo a verdade sobre a cannabis. O cânhamo, em particular, já se mostrou como um cultivo econômica e ecologicamente correto. E nós fazemos parte dessa “mudança de maré” que tanto orgulharia nossos líderes e pioneiros ativistas, como Jack Herer. Nós somos parte desse movimento de acesso global a uma planta que pertence a todas as pessoas!
Conheça abaixo uma casa de maconha construída pelo pessoal da Hemp Technologies, que atua nos Estados Unidos e Canadá: