Você provavelmente já ouviu falar da dark web, seja em algum fórum na internet, alguma matéria de revista física ou digital, assistindo “Mr. Robot” ou através de algum amigo.
Para quem ainda não sabe, a deep web consiste no conjunto de páginas e sites que não são acessíveis através do Google ou qualquer outro motor de busca.
É uma espécie de internet que funciona “à parte” da internet convencional – e também à margem, pois na deep web (ou dark web), ao contrário da web tradicional, as páginas e usuários não podem ser rastreados, deixando assim um campo vasto para proliferação de sites com conteúdo bizarro e/ou ilegal.
Drogas na dark web
Certa vez, há mais ou menos uns cinco anos, uma amiga comentou sobre a possibilidade de comprar “recreativos” na deep web. À época, isso me soou estranho, pois eu ainda não conhecia essa vitrine online de “recreativos”, como ela se referia.
Após uma breve busca no Google e algumas leituras, me vi instalando no notebook um programa chamado “TOR” e ensaiava meus primeiros passos por essa intrigante internet marginal.
Market place das drogas
No início, 90% de tudo que vi por ali me causaram repulsa, exceto por dois sites: Wikileaks e Silkroad – o primeiro, um site que vazou inúmeros documentos dos mais diversos governos e, o segundo, algo tipo uma grande “Amazon” ou “Mercado Livre” das drogas.
Confesso que, à primeira vista, é um pouco assustador um site com anúncios que vão de remédios controlados a heroína – tudo ali, exposto, com preço, prazo de entrega e descrição completa.
Pesquisei, li, sai e não voltei, achando aquilo tudo um pouco esquisito demais.
Dark web na era pós-Silk Road
Alguns anos depois, aprofundei meu interesse nas pesquisas sobre uso terapêutico da cannabis. Resolvi, então, voltar ao mercado negro da internet para saber o que ele teria a me oferecer em termos de maconha.
A essa altura, o Silk Road já tinha sido tirado do ar pelo FBI e seu criador, Ross Ulbricht, foi condenado à prisão perpétua sem possibilidade de condicional.
Com o fechamento do Silk Road, o mercado de drogas online foi descentralizado, gerando uma profusão de lojas, dentre as quais eu escolhi uma chamada “Zion”.
Experiência de compra de maconha na dark web
Após selecionar a loja, fui pesquisar os produtos. Como meu foco era somente maconha, fui direto ao que interessa e me deparei com catálogo de maconha de dar inveja a qualquer coffeeshop da Holanda. Sour Diesel, Kush’s das mais diversas, Lemon Haze, White Widow e muitas outras variedades.
Nesse mercado, é possível acessar dados sobre os produtos disponíveis mesmo sem ter um cadastro – cadastro esse, aliás, que é extremamente simples. Em dois minutos, preenchi e já estava apto a comprar.
Para escolher minha maconha, levei em conta dois fatores. A começar pelo preço, pois, já que se tratava de um teste, preferi correr o risco de perder a menor quantidade possível de dinheiro, caso não desse certo.
O segundo ponto que observei com cautela foi a qualificação do vendedor, lembrando que o mercado funciona com um sistema de avaliação parecido com o da Amazon ou Mercado Livre.
Optei por comprar a strain UK Cheesse, oferecida a preço justo por um vendedor que me pareceu bem avaliado.
Bitcoins
Antes de realizar a compra, troquei algumas mensagens com o vendedor e resolvi prosseguir. O pagamento deveria ser feito por meio de Bitcoins, que eu não havia ainda usado – e confesso que, até agora, ainda não entendi completamente como funciona o tema das “cryptocurrencies”.
No momento da compra, o site libera metade do valor pago para o vendedor e, quando a mercadoria chega, você informa o site e, se tudo estiver certo, a outra metade é liberada. Justo!
Obviamente, não usei meu nome verdadeiro e nem o meu endereço residencial para a entrega. Em vez disso, informei um onde eu pudesse acessar e que, caso o envelope fosse confiscado, não traria problemas a ninguém.
Recebendo a encomenda
Confesso que, mesmo depois de concluir a compra, eu ainda estava sem acreditar que tudo aquilo fosse “real”. Afinal, não é todo o dia que se compra maconha online e se espera a entrega via correios.
Mais incrédulo ainda fiquei quando, passados quatro dias da compra, encontrei um envelope pequeno e amarelo endereçado ao meu pseudônimo me esperando.
Dentro do envelope havia outro pacote menor, de plástico cinza, contendo quase uma grama da ganja mais cheirosa que eu já toquei.
A degustação da erva, em todo caso, é assunto para um próximo post!
*AVISO: conteúdo jornalístico meramente informativo. Não incentivamos e nem aconselhamos ninguém a comprar qualquer tipo de produto ilícito pela internet.
**Por Madz B., ganjeiro brasileiro, escritor nas horas vagas e ativista pela legalização das drogas, atualmente residindo em algum canto enfumaçado da Europa
Da hora seu relato..mas não veio para o Brasil né? Pq eu li no fim q você mora na Europa.