Por mais engraçadas que sejam as piadas e memes de “gatos maconheiros” na internet, devemos ter em mente que, na vida real, a erva pode oferecer risco aos animais. Neste mês, pesquisadores poloneses publicaram o primeiro caso com confirmação laboratorial de uma gata com intoxicação por Δ9-Tetraidrocanabinol (Δ9-THC). E, aparentemente, a viagem da bichana não foi legal.
O caso ocorreu na Polônia: Uma gata persa de seis anos foi parar na clínica veterinária por estar muito agitada e agressiva. Na clínica, a gata causou: andava sem rumo, tentou pular em áreas inacessíveis, correu pela sala, se escondeu e atacou as pessoas. E tudo isso acompanhado de miados bem altos.
Além da agitação e agressividade, os médicos também relataram que a gata apresentava pupilas dilatadas, produção excessiva de saliva, sede, eliminação excessiva de urina, e ataques de fome. Após o exame clínico, o animal foi hospitalizada por três semanas.
Inicialmente, os médicos desconfiavam que a gata estava com raiva, mas depois esta hipótese foi descartada. Além disso, durante o período de internação, ela se comportou normalmente, e então foi liberada para voltar para casa.

Os “gatos maconheiros” rendem muitas risadas na internet mas, na vida real, a erva pode oferecer risco aos animais.
Porém, após o retorno da gata, a dona teve que a deixar com seu parceiro por três semanas. Quando ela retornou, todos os sintomas do animal haviam reaparecido. E lá vai a gata para a clínica veterinária outra vez.
Durante a nova consulta, os médicos questionaram o parceiro sobre o uso de maconha. Ele então acabou admitindo que fumou maconha enquanto a dona estava ausente, e que exalou a fumaça do baseado diretamente na cara da gata “como uma piada”.
Os veterinários colheram uma amostra de sangue do animal (a gata) para a realização de um exame toxicológico. O resultado foi positivo para Δ9-THC e seus metabólitos. A gata foi novamente internada até o desaparecimento dos sintomas, e então foi devolvida à sua dona.
Os pesquisadores explicam no artigo que os sinais de intoxicação por Δ9-THC diferem entre humanos e gatos. Nestes felinos, o fitocanabinóide pode causar distúrbios de consciência, coma, convulsões, ataxia, depressão ou agitação, ansiedade, vocalização, hipersalivação, diarréia, vômitos, e bradicardia. Este tipo de intoxicação é raro em gatos (cães 96% x 3% gatos) mas, mesmo assim, vamos ter cuidado com nosso amiguinhos né?
*Por Lia Esumi: Bióloga, MS/PhD em Psicobiologia e colaboradora no Maryjuana.