A maconha não é a única substância recreativa – e proibida – dotada de propriedades medicinais. As drogas psicodélicas – incluindo LSD e cogumelos – também possuem valor terapêutico, especialmente se ingeridas em pequenas quantidades.
O tema das chamadas “micro-doses” é amplamente abordado na obra do psicólogo estadunidense James Fadiman, que desde os anos 1960 dedica-se a estudar a medicina psicodélica.
Mas a ideia das doses super-fragmentadas não é nenhuma novidade. Pioneiro a sintetizar a dietilamida do acido lisérgico (LSD) na década de 1930, o químico suíço Albert Hofmann pregava que as micro-doses poderiam ser um substituto não-tóxico de drogas destinadas a melhorar o foco e a produtividade, como a anfetamina e a popular Ritalina.
Na sua obra, intitulada The Psychedelic Explorer’s Guide, Fadiman detalha os resultados positivos obtidos durante extensas pesquisas com usuários de LSD e psilocibina (a substância presente nos chamados cogumelos mágicos).
Os participantes tomaram cerca de 1/10 da dose de LSD consumida normalmente e relataram experiências relacionadas ao aumento da energia, foco e criatividade.
Uma mulher de 65 anos, por exemplo, experimentou agradáveis sensações energéticas – como uma “brisa de café” – que duraram durante todo o dia.
E o mais importante: nenhum dos pacientes reportou nenhum tipo de bad trip ou efeito colateral negativo relacionado ao uso dos psicodélicos. O que não quer dizer que não existam riscos, conforme alerta Fadiman: “as substâncias psicodélicas podem acentuar sintomas em pessoas com problemas psiquiátricos latentes, mas elas geralmente não causam doenças mentais em usuários saudáveis”.
O lamentável nesta história toda é que as pesquisas só não estão mais avançadas por um simples & hipócrita motivo: a proibição do LSD nos Estados Unidos (e praticamente no mundo todo), que desde a década de 1960 impede o avanço da ciência psicodélica.
Mas quem já teve o privilégio de viajar no embalo de um “docinho” de boa procedência ou de um suculento “cogu”, sabe o poder transformador dos psicodélicos quando utilizados com parcimônia e consciência.
E não é só para aguçar a criatividade que os psicodélicos servem. Outros estudos também apontam os benefícios do LSD no tratamento da ansiedade e depressão.
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