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Maconha para nosso bem-estar

Um estudo publicado no International Journal of Drug Policy traz uma crítica que vai botar muita gente pra pensar: drogas ilícitas também são utilizadas para nosso bem-estar.

Historicamente, o termo “droga” vem quase sempre acompanhado de uma conotação ruim, e tudo piora quando a “droga” é “ilícita”. Essa fardo negativo do termo também é carregado pelas pessoas que utilizam as drogas. Ser “drogado” na sociedade atual é quase um sinônimo de “delinquente”, “irresponsável” e “sem futuro”. E isso vale para todas as drogas ilícitas, inclusive a maconha.

Esta visão do uso de drogas ilícitas admite previamente que qualquer uso é ruim, problemático, destrutivo à saúde e felicidade, sem antes considerar o propósito e o resultado do uso da substância. Esta reflexão faz parte da crítica de Todd Subritzky, publicada recentemente no periódico científico International Journal of Drug Policy.

A maconha para o bem-estar

Subritzky cita em seu estudo que pesquisadores verificaram que a grande maioria das pessoas usam maconha por sentir prazer em fazê-lo. Isso não é lá uma novidade, levando em conta que o principal efeito da maconha no humor é a euforia.

Mas é aí que o conflito entre literatura científica e realidade começa: A maioria dos estudos científicos sobre a maconha se refere ao uso problemático ou aos problemas mais graves que ela pode precipitar, tais como alguns problemas psiquiátricos. Porém, este cenário se refere à minoria das pessoas que utilizam maconha, uma porcentagem menor que 10%. Os outros 90% representam o uso não-problemático, medicinal, recreacional e pelo simples prazer.

90% das pessoas que consomem maconha fazem uso não-problemático, que pode ser medicinal, recreacional ou pelo simples prazer.

No artigo, o bem-estar é definido como “um fenômeno bio-psicosocial que integra o ambiente interno e externo, indo do funcionamento físico (capacidade de lidar com a doença), do bem-estar psicológico (emocional, cognitivo), do bem estar espiritual, à segurança, riqueza, liberdade, oportunidade e felicidade”.

Dentro deste contexto, Subritzky explica que “quando a maconha é ingerida conscientemente, para produzir um efeito desejado que traz algum valor à vida, ela está sendo usada para fins de bem-estar”. A intenção pode ser o controle da ansiedade, relaxamento, melhora do apetite, aliviar o estresse ou simplesmente para provocar riso 🙂

Subritzky ressalta no artigo que, pelo menos com relação à maconha, a visão do consumo está aos poucos se afastando do modelo “deficitário” (que só prejudica a pessoa que a utiliza) e indo para um reconhecimento com mais nuances. Uma evidência é a recente recomendação da Global Commission on Drug Policy em se utilizar o termo “pessoa com uso não-problemático da Cannabis”.

*Por Lia Esumi: Bióloga, MS/PhD em Psicobiologia e Colaboradora do Maryjuana.

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