O recuo do proibicionismo abre espaço para o avanço do conhecimento científico sobre a maconha. A implementação de políticas que permitem o uso medicinal da planta desencadeiam novas descobertas de aplicações medicinais. Recentemente, pesquisadores americanos relataram a eficiência do canabidiol (CBD) no tratamento da epidermólise bolhosa.
A epidermólise bolhosa é uma doença genética rara e ainda sem cura. A pele das crianças com esta doença é extremamente frágil, o que fez com que elas também fossem chamadas de “crianças-borboleta”, em referência à fragilidade das asas desses insetos. D
ada a fragilidade da pele, qualquer pequeno trauma ou até mesmo a fricção com outras superfícies causam bolhas extensas e muito dolorosas. O manejo da doença envolve o tratamento das feridas, controle da dor, controle de infecções, suporte nutricional, prevenção e tratamento de eventuais complicações. Nos casos mais graves pode ocorrer a necessidade de amputação e até mesmo a morte.
Em uma publicação recente, pesquisadores americanos das universidades de Stanford e West Virginia relataram três casos de crianças com epidermólise bolhosa que foram tratadas com CBD, uma substância de grande potencial medicinal (1, 2, 3) encontrada na maconha.

Criança com epidermólise bolhosa na capa do folheto informativo da associação americana DEBRA, voltada para o financiamento de pesquisas científicas com foco no tratamento e cura da doença (Fonte: www.debra.org).
Os pais das três crianças iniciaram o tratamento com óleo de CBD após relatos de melhora significativa de outras crianças com a mesma condição. Duas das crianças mencionadas no estudo americano foram capazes de interromper a medicação analgésica oral após o início do tratamento tópico com CBD. Todas apresentaram menor quantidade de bolhas e menor tempo de cicatrização, o que melhorou a mobilidade. Além disso, os pais e familiares não relataram nenhum efeito adverso do tratamento com CBD.
Os mecanismos pelos quais o CBD consegue melhorar a epidermólise bolhosa ainda precisam ser elucidados. Porém, os pesquisadores acreditam que o CBD atua diminuindo a dor, a sensação de coceira e reduzindo a inflamação.
Veja abaixo o vídeo institucional da associação DEBRA.
*Por Lia Esumi: Bióloga, MS/PhD em Psicobiologia e colaboradora no Maryjuana.