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Drogas lícitas abrem portas para drogas ilícitas

É, não tem mais pra onde correr: aquela teoria ultrapassada de que a maconha é o primeiro degrau da  “escadinha das drogas” foi por água abaixo de uma vez por todas – finalmente!!! Após noticiarmos uma pesquisa gringa comprovando que o álcool é a verdadeira “porta de entrada” para as drogas, agora é o Senado brasileiro que nos enche de orgulho ao reconhecer tal fato.  Antes tarde do que nunca!

Nos painéis de discussão promovidos pela subcomissão do Senado, especialistas e parlamentares deixaram claro que não é possível discutir a questão do tratamento e da prevenção do uso do crack, em particular, e das drogas ilícitas, em geral, sem abordar a forma como a sociedade trata as drogas lícitas, especialmente o álcool.

Isso porque as drogas lícitas, segundo levantamento de 2005 do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), são as mais consumidas e com o maior número de dependentes. Se apenas 0,1% da população havia usado crack nos 12 meses anteriores à pesquisa; 2,6% usaram maconha; 0,7%, cocaína; e 49,8%, álcool.

O álcool, portanto, tem um impacto muito maior sobre a força de trabalho, a Previdência Social e a saúde pública, pelos danos físicos e psicossociais que causa.

As drogas lícitas álcool e tabaco também são as primeiras drogas experimentadas pelos jovens, em geral muito precocemente e sem limite de doses. Ocorre que, geralmente, o usuário que se torna dependente do álcool passa a buscar efeitos mais intensos nas drogas ilícitas. Esse dado é confirmado por pesquisas acadêmicas realizadas no Brasil e em outros países.

“Notoriamente, o álcool representa a maior preocupação em relação à drogadição, por uma questão estatística irrefutável”, afirma o vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, Carlos Vital Corrêa Lima, que estima que o impacto do álcool e do tabaco, as drogas lícitas, sobre o sistema público de saúde é muito superior aos recursos arrecadados pela tributação desses produtos.

“Trinta por cento dos leitos dos hospitais são ocupados por indivíduos que não estariam ali caso o álcool não estivesse na vida deles. E quem usa as drogas ilícitas não abandona as drogas lícitas. Pelo contrário, expande o consumo. A (droga) lícita traz a outra de volta no processo de recaída. O retorno ao uso de qualquer substância capaz de produzir adição facilita o retorno a todas as outras”, afirma o médico.

Esses dados são confirmados pelo coordenador de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, Roberto Kinoshita, ao citar que o impacto maior não é das drogas ilícitas: “O número de pessoas envolvidas e o custo econômico do álcool são infinitamente superiores aos do crack. O álcool é a porta para outras drogas. Enfrentar um sem enfrentar o outro não leva a lugar algum”.

O psiquiatra Carlos Alberto Salgado, presidente da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), acredita que o país é “negligente e condescendente” com as drogas lícitas. “Temos uma atitude ingenuamente licenciosa, graças à pressão da cultura, em que o álcool é tido como relevante, do ponto de vista cultural, para integração social”.

Não só os médicos têm essa opinião sobre essa questão das drogas líticas e das drogas ilícitas. Os dirigentes de comunidades terapêuticas ouvidos pelo Senado apontaram para a emergência que representa o alcoolismo.

Representante da Associação Promocional Oração e Trabalho (Apot), o padre Haroldo Rahm chamou a atenção para as drogas lícitas. Afirmou que, por sua experiência, “80% dos brasileiros têm problema com álcool. Esse é o problema, não o crack”. Célio Luiz Barbosa, coordenador-geral dos centros de Atendimento e Apoio às Famílias da Fazenda da Paz, também focou nas drogas lícitas, e não nas drogas ilícitas, ao dizer aos senadores que não se esquecessem do alcoolismo. “Estamos numa pandemia na questão do crack, mas o pior que vivemos é o álcool. Devemos mudar a nomenclatura: álcool, crack e outras drogas”, sugeriu, a exemplo do que já acontece no nome da subcomissão.

*fonte:  Senado

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