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CBD X epilepsia: como a maconha pode salvar vidas

Charlotte Figi foi um dos símbolos dos dilemas morais que uma família pode enfrentar ao usar a cannabis para salvar a vida de uma filha.

Charlotte nasceu em Colorado Springs, Estados Unidos, e começou a ter convulsões já no terceiro mês de vida. Sua mãe, Paige Figi, uma vez relatou à revista The Lancet, estávamos lidando com 50 convulsões por dia, duas a cada hora. Ela não podia andar. Ela não podia engolir. Comecei a pesquisar por alternativas. Você está apenas observando sua pequena menina morrer. Tinha que ter algo a fazer por essa pobre criança”.

Charlotte tem uma doença genética chamada Síndrome de Dravet, também conhecida como Epilepsia Mioclônica Severa da Infância. A Síndrome de Dravet é uma forma grave e rara de epilepsia. As convulsões frequentes e prolongadas, características da doença, aparecem já no primeiro ano de vida e estão associadas ao atraso no desenvolvimento da criança e à alta taxa de mortalidade. As opções de tratamento são limitadas e em muitos casos as convulsões não cedem com os medicamentos disponíveis.

Em 2011, quando os médicos já desacreditavam nas chances de Charlotte sobreviver, Paige decidiu dar à filha um novo tipo de medicamento: um extrato de cannabis rico em canabidiol (CBD). A melhora foi notável. Pela primeira vez desde o início das convulsões, Charlotte ficou sete dias consecutivos sem crises. A partir de então ela passou a falar com o auxílio de um computador, não precisa mais de um tubo de alimentação, e até começou a frequentar a escola.

A história de Charlotte ficou famosa e a publicidade sobre o caso ajudou a impulsionar o processo de legalização da Cannabis medicinal nos Estados Unidos. Em 2013, o CBD recebeu o status de medicamento órfão para o tratamento da Síndrome de Dravet.

Recentemente, uma pesquisa publicada na renomada revista New England Journal of Medicine mostrou que o CBD foi eficaz em reduzir o número de convulsões em pacientes com Síndrome de Dravet. Participaram deste estudo crianças e adolescentes entre 2 e 18 anos cujas convulsões não reduziam com os medicamentos disponíveis.

No grupo de pacientes que recebeu o tratamento com uma solução oral de CBD, a média mensal de convulsões caiu pela metade, de 12 para 6. Já no grupo de pacientes que permaneceu apenas com a medicação convencional o número de convulsões se manteve na média de 14 por mês.

Segurança e controle no uso de canabinoides

Embora pesquisas científicas como esta tragam esperança, muitas famílias não podem esperar anos até a aprovação do medicamento experimental. A saída encontrada por muitas delas é adquirir produtos à base de cannabis que já se encontram no mercado ou até optar pela produção caseira.

Estas alternativas, por outro lado, podem gerar novos problemas. Muitos dos produtos à base de cannabis que são comercializados são classificados como suplementos alimentares em seus países de origem e não são submetidos ao mesmo controle de qualidade que os medicamentos.

Sem este controle, o paciente muitas vezes não tem conhecimento da quantidade de princípios ativos que está consumindo. Além de dificultar a dosagem, esta falta de informações traz a possibilidade de não obter o efeito terapêutico desejado e ainda coloca o paciente em risco de efeitos adversos e até agravamento da doença. O mesmo problema de teste e dosagem também está presente na produção caseira de óleos medicinais e em clubes ou associações.

No Brasil, enquanto espera-se as agências regulatórias liderarem a regulação dos produtos que entram no país, pacientes já podem adquirir um equipamento de análise de princípios ativos de produtos à base de Cannabis. Esta alternativa é oferecida pela startup uruguaia Senses Biotech.

A empresa, fundada em 2015, é representante da empresa americana Sage Analytics que produz o equipamento capaz de medir a porcentagem de ∆9-THC e CBD em flores secas e extratos puros de Cannabis através da tecnologia de espectroscopia.

Em 2016, a equipe da Senses Biotech participou de eventos sobre cannabis na América Latina e ajudou diversos usuários medicinais a conhecer o perfil químico de flores e extratos. Uma destas pessoas foi Winy Solange, mãe de um menino que possui uma doença genética que causava cerca de 300 convulsões por mês desde os 5 meses de idade.

Após vencer os próprios preconceitos em relação à cannabis, amargar doze anos de tratamentos ineficientes e diversos efeitos colaterais, o tratamento de seu filho com extratos de flores de cannabis reduziu o número de convulsões para 60 ao mês. Recentemente, cultivou e colheu uma cepa cujos óleos reduziram as convulsões de seu filho para 3 por mês. Winy levou amostras de flores deste novo cultivo para o stand da Senses Biotech no evento que a empresa participou no Chile.

*Por Lia Esumi, bióloga e Ms/PhD em Psicobiologia

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