Os cuidados paliativos são um conjunto de estratégias para ajudar pessoas com doenças terminais. O objetivo é aliviar desconfortos tais como, dor, estresse físico e estresse mental. A maconha pode ser muito útil nesse contexto, porém, a falta de conhecimento e preconceitos impedem seu uso por um número maior de pessoas.
Em um estudo publicado recentemente na revista científica Journal of Psychoactive Drugs, a pesquisadora Rachel Luba e suas colaboradoras destacam algumas aplicações da maconha e dos canabinóides derivados dela no contexto dos cuidados paliativos:
Dor
A fase terminal de muitas doenças geralmente está associada a dores de alta intensidade. Estudos já evidenciaram que o canabinóide Δ9-Tetraidrocanabinol (Δ9-THC), sozinho ou em associação com o Canabidiol (CBD), pode aliviar dores de pacientes com câncer terminal (1, 2). Além disso, existem evidências de que os canabinóides também podem aumentar o efeito analgésico dos opióides (3).
Insônia
A insônia é outro sintoma muito comum em pacientes terminais. Ela pode ser causada por diferentes fatores, como, dor, espasmos musculares e quadros de depressão e ansiedade. Estudos já mostraram que um spray sublingual com quantidades iguais de Δ9-THC e CBD consegue reduzir a insônia de pacientes com câncer (4). Outro estudo mostrou também que o Δ9-THC, além de diminuir a insônia, melhorou os espasmos musculares, mobilidade e a dor de indivíduos com esclerose múltipla (5).
Perda de apetite, náusea e vômito
A estimulação do apetite promovida pelos canabinóides – a famosa larica – é um efeito bem conhecido entre os usuários recreativos de maconha. Esta propriedade também pode ser aplicada em condições nas quais o paciente perde o apetite, como nos casos de AIDS (6). Além disso, Δ9-THC também já se mostrou eficiente no controle de náuseas e vômitos de pacientes em quimioterapia (7).
Sofrimento emocional
Os cuidados paliativos envolvem não só aliviar os sintomas físicos, mas também os emocionais. Dessa maneira, a euforia e sensação de bem estar promovidas pela maconha podem proporcionar alívio emocional no enfrentamento do diagnóstico terminal (8).
As autoras ainda ressaltam no artigo que, apesar das diversas aplicações e evidências, o uso de maconha ainda é baixo no contexto dos cuidados paliativos. Elas apontam como a principal causa o status ilegal da planta, que por sua vez impede o desenvolvimento de pesquisas científicas, promove a falta de informações e gera preconceito.
* Por Lia Esumi: Bióloga, MS/PhD em Psicobiologia e colaboradora do Maryjuana.