Nesta semana, mais precisamente no dia 18/6, a Anvisa colocou os cigarros eletrônicos em pauta durante audiência pública, aprovando por unanimidade duas consultas públicas sobre o tema.
Assim como acontece na questão da maconha, o lobby da indústria farmacêutica também é intenso quando se tratam dos cigarros eletrônicos. Ou seja: o que às vezes parece um avanço pode caminhar rapidamente para um retrocesso.
Valendo-se de argumentos ultrapassados – incluindo o de que os vapes seriam “porta de entrada” para o cigarro convencional – vários lobistas manifestaram-se durante a audiência.
O que ninguém falou foi sobre os resultados de diversos estudos recentes sobre o tema, incluindo dados que comprovam a eficácia dos cigarros eletrônicos para reduzir danos associados ao tabagismo.
A despeito de toda a pressão na tentativa de adiar a data, foi marcado para o próximo dia 8 de agosto a consulta pública em Brasília para tratar sobre os dispositivos. Além disso, a Anvisa solicitou uma segunda consulta pública a ser realizada em data a definir no Rio de Janeiro.
Ah, mas o que isso tem a ver com maconha?
Bom, à primeira vista pode parecer que essa notícia não tem absolutamente nada em comum com o rolê canábico. Mas só à primeira vista.
Talvez nem fosse preciso desenhar, mas vamos lá: para começar, os cigarros eletrônicos nada mais são do que vaporizadores. Ou seja, a regulamentação destes aparelhos também ajudaria – direta ou indiretamente – a regulamentar o mercado de vaporizadores de ervas e concentrados no Brasil.
Além disso, quer hipocrisia maior do que privar os usuários de tabaco do direito de migrarem para alternativas que reduzam os danos associados ao uso da nicotina? Até porque, como é possível notar em qualquer mercado xing-ling, os cigarros eletrônicos (e vapes em geral) já estão à venda, muitos falsificados e sem o menor controle de qualidade.
A preocupação com a saúde e os direitos individuais das pessoas deve estar sempre acima da hipocrisia e do lobby corporativo.
Assista
No vídeo a seguir é possível acompanhar a última audiência da Anvisa, que foi ao ar ao vivo pelo Youtube. Os cigarros eletrônicos são mencionados a partir de -1:10:40:
