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Maconha pode prejudicar pacientes cardíacos, mas há controvérsias

Descobertas aparentemente contraditórias evidenciam a necessidade de aprofundar as pesquisas sobre os efeitos da cannabis no coração e no resto do corpo.

Pacientes cardíacos devem tomar cuidado ao fazer uso de cannabis. Pelo menos é o que sugerem dois novos estudos mencionados recentemente nas sessões científicas da American Heart Association.

No entanto, também há indícios de que a erva pode beneficiar os pacientes, na medida em que reduz a chance de desenvolver insuficiência renal repentina, segundo reportagem da rede NBC News.

Pacientes que fumaram maconha e passaram por angioplastia para remover artérias bloqueadas foram mais propensos a sofrer derrame e sangramento após o procedimento não-cirúrgico do que aqueles que não usaram maconha, descobriu um dos estudos.

Já o outro estudo concluiu que os pacientes que sobreviveram a um ataque cardíaco e usaram maconha tinham maior probabilidade de ter um ataque cardíaco subsequente do que aqueles que não usaram a erva.

Ambas as pesquisas foram divulgadas no início de novembro.

“A cannabis está se tornando mais acessível e os pacientes devem estar cientes do risco aumentado após a angioplastia”, declarou Dr. Sang Gune Yoo, principal autor do estudo realizado na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos.

“As novas descobertas são um claro exemplo dos motivos pelos quais precisamos de mais estudos sobre os efeitos da cannabis na saúde do coração – e do resto do corpo”, completou Yoo, observando que o fato da cannabis ser classificada pelo governo federal como uma droga de Schedule 1 atrapalhou a pesquisa científica.

Relevância

Os estudos são especialmente relevantes para a população mais velha. As doenças cardíacas são a causa de morte número 1 nos Estados Unidos. Estima-se que, a cada ano, cerca de 805.000 americanos têm um ataque cardíaco.

Para dar uma olhada mais de perto no impacto da maconha nos resultados da angioplastia, Yoo e seus colegas examinaram dados de 113.477 pacientes de Michigan, 3.970 dos quais se identificaram como usuários da erva.

Depois de combinar 3.903 usuários com 3.903 não usuários, os pesquisadores descobriram que mais fumantes de maconha experimentaram sangramento (5,2% contra 3,4%) e derrames (0,3% contra 0,1%).

Uma descoberta intrigante que os autores não puderam explicar foi a de que os canabistas apresentaram menor probabilidade de sofrer de insuficiência renal repentina.

É o THC ou a fumaça?

Já a outra pesquisa, feita a partir de informações de um banco de dados norte-americano de nível nacional, descobriu que, dos pacientes que passaram por um procedimento de desobstrução das artérias após um ataque cardíaco, aqueles que usaram maconha tiveram uma taxa maior de ataques cardíacos subsequentes do que aqueles que não usaram a planta – ou 7,2% contra 4,5%.

Os cientistas também fizeram uma descoberta intrigante: os fatores de risco de ataque cardíaco – incluindo hipertensão, diabetes e colesterol alto – foram significativamente mais baixos nos canabistas.

A equipe de jornalismo da NBC News contatou especialistas que tiveram reações mistas aos novos estudos.

“Passei os últimos 25 anos estudando os efeitos da maconha e do THC, e acho que o estudo Yoo levanta algumas questões importantes, especialmente porque vimos cada vez mais relatos de eventos cardiovasculares ocorrendo no contexto da maconha ”, disse o Dr. Deepak Cyril D’Souza, professor de psiquiatria da Escola de Medicina da Universidade de Yale. “Este é um artigo interessante.”

“Uma questão que o estudo não pode responder é se os riscos aumentados ocorrem devido à cannabis, o THC ou a fumaça proveniente da queima de um produto vegetal, disse D’Souza.

“Em nossos estudos sobre o THC, encontramos um aumento muito robusto na frequência cardíaca e um efeito sobre a pressão arterial que pode ser bastante profundo”, disse D’Souza, acrescentando que a pressão arterial aumentou em pessoas que estavam deitadas.

“Nossos estudos normalmente incluíam pessoas saudáveis ​​e jovens. Extrapolando para alguém que é mais velho e tem problemas cardiovasculares ou outros problemas médicos, poderia ser problemático se eles usassem maconha.”

Contradições

“Olhando para a totalidade dos dois estudos, eles parecem conter algumas descobertas contraditórias”, disse o Dr. Peter Grinspoon, um especialista em cannabis, professor da Harvard Medical School e membro do conselho da Doctors for Cannabis Regulation. Por um lado, disse Grinspoon, os pesquisadores estão relatando aumentos de derrame, sangramento e ataques cardíacos em pessoas com problemas cardíacos que usam cannabis, mas, por outro lado, eles estão relatando melhorias nos fatores de risco cardiovascular, como hipertensão, colesterol alto e diabetes.

Grinspoon ficou particularmente impressionado com a menor taxa de insuficiência renal entre aqueles que usaram maconha no estudo de Yoo.

“Por suas medidas, eles realmente mostraram que a cannabis diminui os danos aos rins, o que deveria ser a grande manchete por si só”, disse ele.

*Fonte: NBC News

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