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Cannabis medicinal supera remédios no alívio da endometriose, dizem 9 em cada 10 pacientes

A endometriose afeta milhões de mulheres no mundo e, diante das limitações dos tratamentos convencionais, muitas recorrem à cannabis como forma de alívio.

Uma nova pesquisa internacional publicada na revista Reproduction & Fertility apontou que a maioria das mulheres diagnosticadas com endometriose que utilizam cannabis para alívio de sintomas considera essa opção mais eficaz e com menos efeitos colaterais do que os medicamentos tradicionais. O estudo contou com a participação de 889 pessoas de mais de dez países diferentes.

O levantamento foi conduzido por pesquisadores da Griffith University e da Western Sydney University e buscou entender as motivações, barreiras e padrões de uso da cannabis por portadoras de endometriose. Os dados revelam um forte apelo pelo uso da planta, mesmo com os desafios legais e o estigma social ainda presentes.

Por que tantas mulheres com endometriose estão usando maconha?

A principal razão relatada para iniciar o uso da cannabis foi a ineficácia dos tratamentos convencionais na redução da dor: 68,6% das participantes citaram esse motivo.

Além disso, 56,3% apontaram os efeitos colaterais dos medicamentos como uma barreira, e 43,9% afirmaram receio de dependência ou adição aos fármacos.

Outro ponto relevante é que 99% das pessoas entrevistadas disseram que pretendem continuar usando cannabis para controlar os sintomas, e 90% indicariam essa alternativa a outras pessoas com endometriose.

O problema do acesso: estigma, custo e ilegalidade

Apesar da alta adesão, o estudo revela que 56,7% das usuárias ainda acessam a cannabis por meios ilícitos. Esse dado está diretamente ligado a outros desafios, como:

  • medo de serem julgadas por médicos ou pessoas próximas;
  • risco de perder a carteira de habilitação devido às leis de trânsito em vários países;
  • risco de demissão devido a testes antidrogas no trabalho;
  • alto custo de produtos com cannabis prescrita legalmente.

Esse conjunto de dificuldades faz com que muitas usuárias optem pelo autocuidado, sem acompanhamento médico.

Segundo o estudo, pessoas que acessam cannabis por vias ilegais são significativamente menos propensas a informar seus médicos sobre esse uso, o que pode causar riscos de interações medicamentosas e sintomas de abstinência quando ocorre redução de medicamentos tradicionais.

A importância da comunicação entre médico e paciente

O estudo reforça a necessidade de mais pesquisas clínicas para avaliar a segurança e eficácia da cannabis no tratamento da endometriose. Mas, mais do que isso, destaca a urgência de uma abordagem mais aberta, livre de preconceitos, por parte dos profissionais de saúde.

A falta de diálogo entre pacientes e médicos pode colocar em risco a saúde de quem já enfrenta os desafios da endometriose, uma doença debilitante que impacta profundamente a qualidade de vida e as relações pessoais e profissionais das mulheres.

Cannabis, endometriose e qualidade de vida

Estudos anteriores já apontavam para um fenômeno conhecido como substituição terapêutica, em que usuários de cannabis acabam reduzindo ou substituindo o uso de opioides e outros fármacos. No caso da endometriose, essa tendência está ganhando mais força e respaldo da comunidade científica.

Em meio a desafios legais e ao estigma histórico, a busca por alternativas eficazes e menos nocivas segue sendo uma prioridade para milhares de pessoas. E a maconha, cada vez mais, aparece como uma aliada na luta contra a dor crônica e o sofrimento invisível imposto pela endometriose.

*Por: Redação Maryjuana

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