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Estudo investiga relação entre saúde mental e uso de cannabis em gestantes

Cientistas da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, investigam vínculos entre transtornos de saúde mental, uso de cannabis e transtornos causados pelo uso de cannabis durante gravidez e pós-parto.

Mulheres grávidas e aquelas que passaram recentemente pelo período pós-parto e que enfrentam distúrbios de saúde mental podem estar propensas a recorrer ao uso de cannabis como forma de automedicação, segundo estudo conduzido pela Universidade Rutgers.

Por meio de um levantamento representativo em nível nacional, Qiana L. Brown, professora assistente na Escola de Serviço Social da Rutgers, investigou a relação entre distúrbios de saúde mental, uso de cannabis e transtorno por uso de cannabis (TUC) entre mulheres grávidas e em puerpério nos Estados Unidos. As descobertas foram publicadas recentemente no periódico Drug and Alcohol Dependence.

“Antes deste estudo, tínhamos poucas informações sobre as associações entre o uso de cannabis, transtorno por uso de cannabis e distúrbios de saúde mental específicos, como transtorno bipolar ou fobias específicas, entre mulheres grávidas e em pós-parto nos EUA”, afirmou Brown em comunicado da Universidade Rudgers

“Estudos anteriores geralmente agrupavam os distúrbios de saúde mental em categorias gerais, como qualquer distúrbio de humor ou qualquer transtorno de ansiedade, sem explorar a relação entre tipos específicos de distúrbios de humor e ansiedade, uso de cannabis e transtorno por uso de cannabis durante e após a gravidez.”

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Apesar das orientações de saúde pública que incentivam as mulheres a evitarem o uso de cannabis durante a gravidez e a amamentação, a prevalência do consumo entre mulheres em idade reprodutiva tem aumentado de forma constante.

Em um estudo anterior conduzido por Brown e seus colegas, publicado no Journal of the American Medical Association, foi constatado que a prevalência do uso de cannabis no último mês aumentou 62% entre mulheres grávidas e 47% entre mulheres não grávidas em idade reprodutiva, no período de 2002 a 2014.

Pesquisas com amostras menores indicaram que “mulheres grávidas e em pós-parto usaram cannabis para aliviar estresse, ansiedade e lidar com sintomas de saúde mental, o que sugere que elas estão buscando uma forma de automedicação para condições de saúde mental”, destacaram os pesquisadores.

“Entretanto, ainda se sabe pouco sobre as correlações entre saúde mental, uso de cannabis e transtorno por uso de cannabis entre mulheres grávidas e em pós-parto em âmbito nacional.” 

Considerando que a maioria dos estados norte-americanos legalizou a cannabis para uso médico ou recreativo, Brown ressaltou a importância de compreender essas correlações entre saúde mental, uso de cannabis e transtorno por uso de canabis nessa população.

Metodologia

Para preencher essa lacuna na pesquisa, Brown e seus colegas das Universidades Columbia e Washington, em St. Louis, e da École Polytechnique Fédérale de Lausanne, na Suíça, analisaram as respostas de 1.316 mulheres em um levantamento nacional focado no uso de drogas e álcool, bem como deficiências físicas e mentais associadas.

A amostra incluiu 414 mulheres grávidas na época da entrevista e 902 mulheres em puerpério (grávidas no último ano).

Resultados

As descobertas revelaram uma associação clara entre categorias amplas de distúrbios de saúde mental, uso de cannabis e transtorno por uso de cannabis. 

Por exemplo, mulheres grávidas e em pós-parto que apresentavam qualquer distúrbio de humor, ansiedade ou transtorno de estresse pós-traumático no último ano, ou que tinham histórico de transtorno de personalidade ao longo da vida, tinham maior probabilidade de usar de cannabis e de desenvolver transtorno por uso de cannabis no último ano, em comparação com mulheres sem histórico de um determinado distúrbio de saúde mental.

No entanto, ao analisar os distúrbios de saúde mental de forma mais detalhada, os pesquisadores notaram que alguns desses distúrbios estavam associados ao uso de cannabis, mas não necessariamente ao desenvolvimento do TUC, e vice-versa. 

Por exemplo, enquanto os distúrbios depressivos persistentes e os transtornos depressivos maiores estavam relacionados tanto ao uso de cannabis no último ano quanto ao TUC, o transtorno bipolar estava associado apenas ao uso de cannabis no último ano e não ao transtorno por uso de cannabis (após considerar fatores potencialmente confundidores).

Adicionalmente, o uso de cannabis e o transtorno por uso de cannabis não compartilhavam correlações consistentes no que diz respeito aos distúrbios de ansiedade.

Transtornos de ansiedade social e transtornos de pânico foram associados a um aumento no uso de cannabis, mas não ao transtorno por uso de cannabis, enquanto a fobia específica estava associada a um aumento no TUC, mas não ao uso de cannabis.

Importância do estudo

Estudos anteriores que investigaram a relação entre distúrbios de saúde mental, uso de cannabis e transtorno por uso de cannabis entre mulheres grávidas ou em puerpério focaram principalmente em amostras de pacientes, não incluindo mulheres da população geral dos EUA, e utilizaram amostras menores ou se concentraram em um número limitado de distúrbios de saúde mental.

No total, os pesquisadores analisaram três categorias amplas de distúrbios de saúde mental e 12 tipos específicos de distúrbios de saúde mental, comparando sua relação com o uso de cannabis e o transtorno por uso de cannabis.

“Esse grau de especificidade e a possibilidade de generalização dos nossos resultados podem ser úteis para orientar tratamentos personalizados e intervenções preventivas em nível populacional”, afirmou Brown.

*Por: Redação Maryjuana

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