Enquanto o Brasil vive um dos mais trágicos retrocessos em suas políticas de drogas, nossos hermanos da América Latina seguem volando em termos de regulamentação – e mercado – envolvendo a maconha.
Tanto é que já existem até mesmo companhias que estão se preparando para iniciar a exportação de maconha com fins medicinais para a Europa.
Segundo comunicado, as empresas Clever Leaves, da Colômbia, e Fotmer Life Sciences, do Uruguai, serão as primeiras da América Latina a atuarem no promissor mercado canábico europeu.
Extratos de cannabis, além de flores secas, estão entre os produtos que serão exportados inicialmente para a Alemanha, que contabiliza mais de 700 mil pessoas utilizando a erva com propósitos terapêuticos.
Em dezembro de 2013, o Uruguai tornou-se o primeiro país do mundo a legalizar o mercado nacional de cannabis, autorizando também a exportação de produtos canábicos com fins medicinais para países onde são legalizados. Já a Colômbia, onde o uso da erva é descriminalizado, também legalizou os produtos de maconha medicinal recentemente.
“Isso coloca o Uruguai no mapa mundial da cannabis farmacêutica”, declarou Jordan Lewis, presidente-executivo da Fotmer, um norte-americano que se mudou para o Uruguai após a legalização.
O CEO da Clever Leaves, Andrés Fajardo, disse que o acordo de exportação mostra “que o mercado colombiano pode alcançar padrões internacionais e produzir cannabis medicinal de alta qualidade”.
Pioneirismo
A empresa alemã que importará os produtos, Cansativa GmbH, disse que é a primeira vez que uma empresa européia compra maconha medicinal da América Latina. Benedikt Sons, co-fundador e diretor da Cansativa, disse que o comércio com as empresas latino-americanas garantirá melhores preços na Alemanha, expandindo as fontes de fornecimento para além da Holanda e do Canadá.
Localizada na pequena cidade uruguaia de Nueva Helvecia, a Fotmer emprega 80 pessoas e está investindo US$ 7 milhões em laboratórios e 10 toneladas de maconha para atender o mercado externo. Sua especialidade são as flores secas.
A Clever Leaves, por sua vez, foca sua produção em extratos de maconha vendidos em forma de pílulas, cremes, pomadas, adesivos e outros produtos para o tratamento de epilepsia e dor crônica, entre outros usos. A empresa planeja produzir 32 toneladas de flores secas de maconha em 2019, aumentando para 85 toneladas até 2020.