O tratamento de um câncer geralmente é realizado através da combinação de diferentes técnicas, sendo as mais comuns a cirurgia, quimioterapia e a radioterapia.
Assim mesmo, muitas vezes não se obtém total êxito na eliminação da doença o que torna constante a necessidade do desenvolvimento de novas técnicas. Recentemente, pesquisadores observaram que os canabinoides podem melhorar o prognóstico do tratamento com radioterapia.
A radioterapia é utilizada para controlar o crescimento celular do câncer, também chamado de tumor maligno. A radiação utilizada na técnica atua danificando o DNA do tumor, levando à morte das células. Porém, estudos sugerem que a radioterapia também pode induzir efeitos negativos, tais como a indução de metástases, que são tumores malignos secundários.
As metástases se originam quando células malignas viáveis se separam do tumor principal e entram na corrente sanguínea ou no sistema linfático. Dessa maneira, estas células podem se deslocar para longe do tumor original e formar novos tumores.
CANABINOIDES
O termo ‘canabinoide’ se refere a um grupo de substâncias químicas que têm a propriedade de interagir com o sistema endocanabinóide presente no organismo de humanos e outros animais. Os canabinoides mais conhecidos são os derivados da maconha (Cannabis), como o Δ9-tetraidrocanabinol (Δ9-THC) e o canabidiol (CBD), mas ainda existem os canabinoides produzidos por nosso próprio organismo (endocanabinoides) e os canabinoides sintéticos.
Estas substâncias têm ganhado cada vez mais destaque na área da oncologia. Muitos estudos (1, 2) já relataram que os canabinoides podem combater o câncer, pois induzem a morte celular e inibem o crescimento e a formação de metástases.

A técnica de radioterapia utiliza radiação para danificar o DNA e induzir a morte das células tumorais.
ESTUDO INOVADOR
Recentemente, pesquisadores americanos e alemães decidiram avaliar se a combinação da radioterapia com a administração de canabinoides poderia melhorar o resultado do tratamento do câncer. Por ainda ser muito nova, a técnica ainda está sendo avaliada em animais de laboratório.
No estudo, foram utilizados camundongos que apresentavam câncer de pâncreas, e que receberam, no local do tumor, o implante de pequenas cápsulas contendo uma carga de canabinoides.
Os camundongos foram então submetidos à radioterapia. A técnica, além de iniciar o tratamento contra o câncer, também induz a liberação dos canabinoides da cápsula implantada, provocando a liberação das substâncias diretamente no tumor.
Os pesquisadores observaram que a nova técnica inibiu o crescimento dos tumores e aumentou significativamente a sobrevida dos animais.
*Por Lia Esumi: Bióloga, MS/PhD em Psicobiologia e colaboradora no Maryjuana.