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Conheça a lenda de Khizr, o profeta islâmico da cannabis

Sendo uma criação divina, a cannabis é chamada de “a erva dos sábios”, “maná dos anjos”, e “árvore da vida.” É tida como um meio de conexão com os deuses em diversas culturas.

Crenças e costumes deveriam ser completamente livres de qualquer repressão. Você já ouviu falar que a Bíblia proíbe comer carne de porco? E provavelmente já percebeu que a maioria dos cristãos come carne de porco mesmo assim.

Assim é o Islã, mesmo com regras rigorosas encontramos muitas pessoas que, da mesma maneira que nós, estão na contínua busca pela paz. E, quando deixamos o preconceito de lado e vamos pesquisar a fundo as raízes de qualquer credo religioso, encontramos elementos interessantes.

Os árabes foram responsáveis pela reintrodução da Alquimia na Europa medieval. E os alquimistas dessa época, com vasto conhecimento sobre as plantas, experimentaram todos os tipos de poções.

Como conseguiam destilar facilmente o álcool, foram os primeiros a fazer haxixe (resina da cannabis extraída com ou sem uso de solventes).

Os Sufis e a cultura do haxixe

Desde então, o haxixe se espalhou entre os místicos dessa época. Muitas escolas de pensamento propagaram os conhecimentos dos alquimistas até hoje, mas foram os Sufis que propagaram a cultura do haxixe.

O Sufismo é uma corrente mística contemplativa do islã e seus membros adquirem conhecimentos iniciáticos. Alguns Sufis, não todos, utilizam a cannabis em seus rituais. Como foi abordado em artigo anterior, os Sufis consomem cannabis como forma de se conectar ao espírito.

De acordo com a lenda, Haydar (monge fundador dos sufis) era uma pessoa calma, mas quando comia cannabis ficava falante e animado. “Cheio de espírito”, como afirmam seus discípulos. A erva foi muito usada pelos sufis no período mameluco.

Khizr: o profeta verde

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Os sufis relataram ter encontrado em rituais o el-Khidr (Khizr), o homem verde, como uma referência oculta ao haxixe e ao bhang.

Em 1894, JM Campbell comentou que para o adorador muçulmano “o espírito santo encontrado no bhang é o espírito do grande profeta Khizr, ou Elijiah”.

No que pode ser considerado mais do que uma mera coincidência, encontramos essa mesma figura desempenhando um papel altamente considerado na alquimia medieval.

Paracelso

Percebemos forte influência dessa propagação da cultura do haxixe na obra do suíço Paracelso (1493-1541) que se interessava por magia, alquimia, cabala e medicina.

Foi um dos maiores estudiosos da transmutação e o primeiro a demonstrar a transubstanciação através das ervas. E, assim como nos dias de hoje, precisou se esconder por ter em mãos medicamentos tão preciosos.

Quando viajou ao Oriente, recebeu seu treinamento Sufi na Turquia. Enquanto desenvolvia seus escritos, Paracelso tinha que ter cuidado com a igreja católica e ao mesmo tempo com a igreja protestante.

Algumas vezes precisou até usar alfabetos secretos para se comunicar com seus irmãos. Mas ele mesmo nos deu a dica: “Leia com o coração até que em algum momento a verdadeira percepção se revelará…”.

Escreveu que as plantas contêm propriedades curativas e popularizou o uso de ópio na Europa. Tanto Paracelso quanto Eirenaeus Philalethes mencionam o nome Elias, que é o mesmo Elias da Bíblia, o poderoso mago-profeta de Tishpeh, a quem os Sufi equiparavam a Khidr, o homem verde e padroeiro da cannabis.

Alquimia
Os profetas Elias e Khizr na fonte da vida

Os profetas Elias e Khizr na fonte da vida

O verdadeiro significado do misterioso Elias é dado em uma frase do frater do século XIX, Arthur Edward Waite, em “A Irmandade da Rosa Cruz”. Waite nos mostra que Elias era uma figura de projeção simbólica da nova escola da alquimia e representava esse guardião que poderia ser evocado através de rituais.

O consumo do haxixe é um costume árabe. Assim como o banho. É claro que, como em todos os lugares, os adeptos mais conservadores consideram que o consumo de qualquer substância que altera a mente é “haram”, pecado, mas algumas correntes pensam o contrário.

Islamismo e maconha

O islã não proíbe o uso da cannabis. Como é comum de se perceber, o seu uso cultural está mais presente nos países islâmicos que possuem as condições ideais para o cultivo da planta, como o Afeganistão (famoso por landraces como a Pure Afghan), Líbano, Egito, Marrocos e outros no norte africano.

O Islamismo tem base monoteísta, e seus adeptos acreditam que Deus enviou em torno de 124.000 profetas, culminando com a vinda de Mohamed, que foi o ultimo desses profetas e revelou o Islã a humanidade. Através do alcorão, as escrituras sagradas foram reveladas ao mundo.

Que grande conhecimento os alquimistas e os muçulmanos nos deixaram ocultos em seus métodos secretos de identificação, onde o conhecimento era passado apenas do mestre ao discípulo, não podendo ser escrito em lugar nenhum.

Erva da paz

Estamos em um estado de espírito elevado quando entramos em contato com a cannabis. Fazemos coisas grandiosas, ficamos descontraídos e simpáticos e percebemos as coisas com mais clareza.

A palavra islã vem do árabe “Salam” que significa “paz”. Portanto, vamos deixar de lado os preconceitos propagados por ignorantes.

Todos buscamos a paz. Todos consumimos a erva da paz. A busca pelo aperfeiçoamento constante deve ser foco de todos os seres humanos.

*Por: Rodrigo Filho∴, ativista e colunista do Maryjuana, também é Mestre Maçom, membro da Confederação Maçônica Interamericana e membro da Antiga e Mistica Ordem Rosacruz AMORC

**Ilustração: Rich Buckler

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1 Response

  1. Yale

    Prezado Rodrigo,
    as afirmações feitas no artigo acima são fruto de uma opinião pessoal ou se fundamentam nas palavras de sábios islâmicos (sejam sufis ou não)?
    Caso haja fundamento, seria possível referenciar as afirmações citando as fontes?

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