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Cannabis X hip hop: as influências da maconha no rap

Do underground ao mainstream, pode-se dizer que a cultura canábica tem evoluído na mesma pegada do hip hop. Ou será o hip hop que tem se transformado a partir das relações com a erva?

Se hoje a maconha é quase que onipresente no rap, vale lembrar que nem sempre foi assim. Até o fim da década de 80, não era muito comum encontrar músicas do gênero que admitissem o uso de drogas recreativas – salvo exceções como a faixa “Here we Go”, do Run DMC, de 1984, ao clamar “keep a bag of cheeba inside my locker” – algo como: “mantenha um saco de maconha no meu armário”, em tradução livre.

Pelo contrário. Influenciados pela propaganda anti-drogas da época – e a alarmante explosão do uso de crack e cocaína nos Estados Unidos – muitos rappers embarcaram na onda proibicionista.

Um exemplo disso é o próprio Dr. Dre, que em 1988 bradava “yo I don’t smoke weed or sess” (“eu não fumo maconha”) na faixa “Express Yourself”, do grupo N.W.A.

Rap chapado

Foi somente a partir da década de 1990 que as menções ao uso de maconha tornaram-se mais explícitas e frequentes no hip hop.

Mais precisamente em 1991, com o álbum de estreia do Cypress Hill, teve início uma espécie de “nova era” – ou “subgênero”, embora essas definições sejam sempre polêmicas – conhecida como “stoner rap” (ou “rap chapado”), no qual a cultura canábica fundiu-se de vez ao hip hop (ou vice-versa).

As canções contagiantes e chapantes entoadas por B-Real e Sen Dog iam além de explanar o uso de maconha, mas versavam sobre diversas mazelas sociais, incluindo casos de violência, corrupção policial, e o cultivo da erva.

Embora não tenha sido um sucesso absoluto de vendas na época, o fato é que o disco de estreia do Cypress Hill serviu de inspiração para muitos que vieram na sequência.

Há quem diga que o próprio Dr. Dre – ele mesmo, que anos antes cantava versos anti-maconha – decidiu rever seus conceitos sobre a erva após apreciar a obra dos colegas.

Fato é que um ano depois, em 1992 – logo após sua saída do N.W.A. – Dre mudou de ideia e lançou um dos álbuns mais icônicos de sua carreira: “The Chronic”, uma verdadeira ode à erva, que conta com participações de diversos artistas, incluindo Snoop Dogg – outro rapper, aliás, que se consagrou no show business ostentando orgulhosamente o título de maconheiro.

De lá pra cá, a maconha transformou-se em uma espécie de “musa verde” para o hip hop, inspirando beats e rimas em todas as línguas.

Atualmente é quase impossível dissociar a erva e o rap – e até mesmo os artistas menos politizados sempre acabam mencionando a erva por vez ou outra em suas canções.

Ao mesmo tempo, cresce também a aceitação – e a legalização – da cannabis pelo mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a erva já é regulamentada na maioria dos estados – e um terço da população americana vive em locais onde a planta é legal para maiores de 21 anos.

RAPPERS QUE INVESTEM NO MERCADO CANÁBICO

Do underground ao mainstream, a cannabis – e o hip hop – transformaram-se em nichos de mercado que andam de mãos dadas.

Nos últimos anos, com a legalização do uso recreativo de maconha em estados como Califórnia e Colorado, cada vez mais rappers têm se jogado de cabeça no lucrativo mercado canábico. 

B-Real, por exemplo, possui uma rede de dispensários de maconha chamados Dr. Greenthumb, além de uma linha de produtos canábicos batizada de Insane. Isso sem falar no seu império midiático, que inclui podcast, site de streaming e um programa de TV na Vice, o “Bong Appetit”.

Snoop Dogg é outro que investe pesado na indústria canábica. Além de uma marca de produtos voltada ao segmento recreativo e de investir em startups de tecnologia no setor, o rapper também aposta no negócio agrícola da maconha, sendo sócio de uma linha de fertilizantes, a Snoop’s Premium Nutrient Pods.

Com foco no mercado de luxo, em 2020 Jay-Z também lançou sua marca canábica – a Monogram – que vende baseados premium de variedades de maconha raras. Com produção artesanal, a empresa oferece flores cultivadas em “pequenos lotes”, conforme descrição do site oficial.

E por falar em genética de maconha, Wiz Khalifa possui a sua própria, personalizada segundo suas preferências – a Khalifa Kush – que é vendida em dispensários dos Estados Unidos.

Lil Wayne está por trás da GKUA, marca de luxo que oferece produtos derivados da maconha, como flores, bubblehash, vaporizadores, concentrados, além de itens de vestuário, como camisetas e bonés.

Ganhador de vários Grammy’s, 2 Chainz completa a lista de rappers & empreendedores canábicos de hoje. Ele é sócio da Gas Cannabis Co., que distribui flores, concentrados e comestíveis de maconha no mercado californiano.

E já que o assunto é cannabis e hip hop, aproveite para degustar essa playlist enquanto faz a cabeça.

*Por: Mônica Pupo, jornalista e editora do Maryjuana

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