Estudo aponta aumento na concentração de THC nas extrações canábicas, enquanto níveis de canabidiol (CBD) permanecem estáveis.
A maconha de hoje certamente não é a mesma do passado. E não se trata de mera observação empírica, mas sim dos resultados de um estudo científico que avaliou a potência da erva e das extrações canábicas nas últimas quatro décadas.
Publicado na edição de novembro da revista Addiction, o levantamento partiu da revisão sistemática e meta-análise de estudos feitos entre os anos de 1970 a 2017.
Os pesquisadores descobriram que os níveis de THC nas flores aumentaram cerca de 0,3% ao ano no período, passando de menos de 6% na década de 1970 para mais de 14% em 2017.
Quando se tratam das formas concentradas de cannabis (resinas, haxixes e extrações, com e sem solvente), o acréscimo é ainda mais expressivo: 0,57% de THC a mais por ano durante o mesmo período.
Canabidiol
Um dos canabinoides mais receitados por médicos em todo o mundo é, sem dúvida, o canabidiol (CBD).
No entanto, o aumento da demanda ainda não refletiu no acréscimo dos níveis de CBD nas flores disponíveis no mercado.
De acordo com o estudo, os níveis do canabinoide permaneceram os mesmos entre 1992 a 2017, considerando-se tanto as flores como os concentrados analisados.
O levantamento envolveu outros 12 estudos feitos nos Estados Unidos, Reino Unido, Holanda, França, Dinamarca, Itália e Nova Zelândia.
“Produtos de cannabis com altas concentrações de delta-9-tetrahidrocanabinol (THC) apresentam um risco aumentado de dependência e transtornos mentais, embora tenha sido sugerido que o canabidiol (CBD) pode moderar os efeitos do THC”, ressaltam os autores.
Além da demanda do mercado, o avanço nas técnicas de cultivo e cruzamentos genéticos estão entre os fatores responsáveis pelo aumento da potência da maconha nos últimos anos.